Estar noutro país influencia na assimilação de vocabulário (regional)? (artigo por Vera Carvalho)10/8/2021 O presente artigo aqui analisado pretende mostrar o impacto que a nossa estadia em um país diferente do nosso pode ter influência na aquisição do léxico, até mesmo de palavras mais específicas de uma determinada região. Para tal, decidi analisar um artigo (que está em espanhol) de Rodríguez Prieto, J.P. (2019) - “El impacto a largo plazo de un viaje de estudios al extranjero en la adquisición del vocabulario regional de manera incidental”. Para terem acesso ao artigo basta clicar no seguinte link: https://revistas.nebrija.com/revista-linguistica/article/view/323/298 . Para aqueles que entendem minimamente do idioma, aconselho vivamente à sua leitura, uma vez que apresenta informações e pesquisas relevantes do que irei aqui descrever e analisar, mas acredito que, mesmo para quem não consigo ler o artigo na íntegra, poderá apoiar-se na informação que aqui vou mencionar. A mesma informação foi cuidadosamente selecionada e vai, no fundo, deixar-vos com as conclusões principais sobre este tema. - Começamos com a fundamentação teórica e o marco de referência da investigação feita no artigo: O autor utilizou vários “estudos prévios” nos quais se baseou no seu trabalho de investigação, de modo que, no final, acabou por comprovar o que pretendia. Para isso, referiu alguns autores que também realizaram estudos idênticos (mas em contextos diferentes) e que chegaram à mesma conclusão que o autor deste artigo científico pretendia. Os autores que referiu no seu trabalho foram os seguintes: Walsh (1994) que, na sua investigação, concluiu que os participantes que estiveram noutro país durante um ano tiveram uma melhor aquisição de fluidez e uma melhor aquisição de léxico ao invés de uma melhoria na gramática; Milton & Meara (1995), onde se notou um considerável crescimento de vocabulário graças também ao contexto em que se encontravam os participantes. Davie (1996) tem outro estudo que comprova que se aumentou o léxico consideravelmente, mas não tanto os conteúdos gramaticais. Ife et al. (2000), diferentemente das investigações já mencionadas, foca-se na aquisição de novo léxico através da memória associativa. Collentine (2004) comprovou que, ao estar no país onde se fala o idioma de aprendizagem, verifica-se um aumento considerável de vocabulário. Não obstante, a construção de orações torna-se melhor e mais fluída. Já Foster (2009) comprovou que uma exposição direta ao idioma leva a que os falantes usem expressões coloquiais que os nativos normalmente utilizam. Em adição, Llanes & Muñoz (2009) comprovam que, além de melhorar significativamente a aquisição do léxico, a estadia no país do idioma de aprendizagem também ajuda a diminuir os erros lexicais. Serrano et. al. (2011) também comprova que há melhores resultados de fluidez e de léxico quando os estudantes estão expostos a oportunidades fora da aula onde têm que utilizar o idioma de aprendizagem para tudo. Em termos de conclusões, Fitzpatrick (2012), chegou às mesmas que temos no estudo que Foster realizou. Já Briggs (2015) chegou à conclusão que, quanto mais tempo se passa no país do idioma de aprendizagem, mais vocabulário pode-se adquirir. Pizziconi (2017) conclui por sua vez que os estudantes que ficam no país do idioma de aprendizagem conseguirão um progresso mais significativo no caso de terem um nível inferior de conhecimento desse idioma. Importante relembrar: O estudo referido neste artigo pretende analisar que vocabulário/expressões próprias do lugar onde os alunos (participantes do estudo) estiveram podem ser adquiridos pelos mesmos, isto é, se haverá uma melhoria considerável ou não com a estadia no país do idioma de aprendizagem. - Metodologia de investigação empírica: Hipóteses, contexto de implementação, procedimentos e instrumento utilizados para desenvolver a investigação: Participaram 10 estudantes (5 em Madrid e 5 na América) que decidiram ficar durante um semestre nesses países, concordando também em participar no presente estudo. Realizaram um pretest e no final, um postest. Este teste feito incluía oitenta orações (quarenta para palavras e expressões e quarenta para conteúdos gramaticais). Para a realização deste questionário, os participantes fizeram-no online e sem qualquer ajuda exterior ou de outro recurso possível, sendo que um dos objetivos também foi comprovar que a estadia no país pode ter resultados a longo prazo. O questionário foi feito às mesmas pessoas anos depois para comprovar se, de facto, essa aprendizagem ficou na memória ou não. - Procedimento seguido no tratamento dos dados: Receção do link para completarem o questionário online. Todos os participantes fizeram um pretest ( que tinham também algumas perguntas sobre dados pessoais dos participantes) e um postest. Além disso, os mesmos participantes realizaram um postest tardio para comprovar os resultados a largo prazo. Para os resultados iniciais e finais, apresentou-se as respetivas tabelas de cada grupo de modo a que pudesse comprovar (presente no link do artigo, para quem tiver curiosidade de ver os resultados nas tabelas). Além disso, também se apresentam “dados qualitativos” e mais específicos das palavras/expressões onde os participantes obtiveram melhores resultados, tanto no pretest como no postest. - Resultados obtidos: No pretest, pode-se comprovar que os estudantes tinham um conhecimento razoável do idioma de aprendizagem, mas, já no postest, comprova-se uma melhoria bastante considerável, sendo que todos os participantes obtiveram muito mais conhecimento ao final da sua estadia no país do idioma de aprendizagem. Assim como no postest tardio, os conhecimentos dos mesmos participantes mantiveram-se intactos a longo prazo (como se pretendia mostrar). - Referencias bibliográficas essenciais das que aparecem na bibliografia do artigo: Todos os autores referidos inicialmente no artigo e as suas respetivas investigações são de alguma maneira parecidas ao que o autor pretende também comprovar com o seu estudo: os resultados positivos no país do idioma de aprendizagem acabam por ser importantes e por comprovar efetivamente o que o autor pretende no seu artigo científico. - Valorização da investigação apresentada desde um ponto de vista pessoal: Falando do artigo que aqui referi (e tendo em conta a investigação que é abordada), penso que o mesmo tem a sua importância, uma vez que mostra positivamente o impacto que há em passar um grande período de tempo em um país cujo idioma estamos a aprender, pois, inconscientemente, acabamos por interiorizar o idioma e de conseguir resultados bastante positivos a curto e longo prazo. Além disso, o autor faz referências de outros tantos estudos e autores que também se dedicaram a investigar e provar se, de facto, haveria vantagens em estar num país durante um grande período de tempo e que impacto isso poderia ter na nossa vida ou no nosso futuro. Há também uma organização bastante clara e direta dos resultados obtidos (através das tabelas) que nos ajudam a perceber rapidamente e dinamicamente quais foram os resultados obtidos na investigação. Com esta análise do artigo que escolhi para me basear e passar-vos a informação que aqui é retratada, pretendia também mostrar-vos uma conclusão muita clara. De facto, seja por que motivo for que tenhamos de ficar meses ou anos num país com um idioma diferente do nosso, vamos adquirindo com o tempo expressões, palavras, pronúncias, rotinas ou até mesmo atitudes que são próprias desse país na qual vamos estar por um período de tempo prolongado. Melhor ainda, isso ficará quase que permanentemente na nossa memória durante os próximos anos da nossa vida, porque foi algo com o qual o nosso cérebro teve de lidar constantemente e, por isso, assimilou, ficando armazenado indiretamente na nossa memória. Realmente, esta área de investigação sobre como adquirimos um idioma (seja o nosso ou uma língua segunda, terceira, etc) dá-nos a entender claramente como funciona o nosso cérebro perante uma situação destas, que influências e resultados isso pode ter e, o mais importante, como é essencial esta área para nos (auto)entender e entender o mundo à nossa volta. Afinal, o mundo rege-se pela comunicação e a comunicação, na maioria das vezes, exige que saibamos falar. Para isso está aqui a área dos idiomas para nos explicar todos estes processos e contextos nos quais cada ser humano pode ser submetido desde o dia do seu nascimento. Portanto, é importante os idiomas e todo o seu universo de investigação na área!
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