O Fauvismo (do francês "Les fauve") é uma corrente artística que surgiu no século XX e sofreu bastantes influências artísticas. Este movimento foi liderado por Henri Matisse (1869-1954), marcando este movimento pelo enfâse das cores, a liberdade dos tons e tonalidades e dando prioridade à pureza (JANSON, H.W.& JANSON, A. F., 2017). O nome deste movimento tem origem na palavra "fauves" e tem muita influência do Expressionismo. Tem como principais características o sentimentalismo dos seus intervenientes, o dar mais importância ao instinto primário do ser humano, o enfâse da cor e a impulsividade da cor e das linhas, trazendo à tona os sentimentalismos e sensações humanas. Este simplifica as pinturas, trazendo pinturas mais espontâneas e agressivas. Não há pinturas ao ar livre como cenário e a utilização de um colorido violento causa impacto para quem visiona. Temos o movimento rítmico das linhas e a utilização das cores puras (Prof. Moisaniel, 2018). O principal expoente do Fauvismo foi Henri Matisse. O pintor partiu da ideia de que a arte da pintura poderia se aproximar mais de um estilo musical, mais melodioso e com estruturas e traços simplificados, criando ilusões na mente das pessoas (JANSON, H.W.& JANSON, A. F., 2017). Através disto, Matisse conseguiu criar um certo equilíbrio nas suas obras. Outro dos pintores que integrou este movimento (deveras influenciado por Henri Matisse) foi André Derain. Ambos estudaram na mesma academia, a "Académie Carrière" em Paris. As suas obras são-lhe características pelo uso de cores fortes onde dá mais relevo à luz em sobreposição das sombras (JANSON, H.W.& JANSON, A. F., 2017). Maurice de Vlaminck teve, para além dos supramencionados, um papel muito importante neste movimento. As suas obras eram caracterizadas por um intenso efeito das cores que chama a atenção do observador. Antes de se tornar pintor, sua forma de sustento passava por ser escritor e tocar violino (JANSON, H.W.& JANSON, A. F., 2017). Outro pintor bastante importante neste movimento chama-se Raoul Dufy, mais conhecido como o Animador do Fauve. Foi influenciado pelo Cubismo (principalmente por Paul Cézanne e aplicava todos os princípios e métodos relativos à construção da cor, trazendo uma certa diversidade e fluidez para as suas obras e trazendo as características naturais para o Fauvismo (JANSON, H.W.& JANSON, A. F., 2017). O Fauvismo tinha como princípio a expressão das emoções como a alegria ou o sofrimento através da utilização das variadas técnicas da cor. O papel da cor passava por definir o volume, os limites, o relevo e a perspetiva das obras, dando mais espontaneidade e liberdade às obras (Prof. Moisaniel, 2018). Só passou a ser considerado como forma de arte em 1905, apesar de ter surgido em 1901. A primeira exposição foi intitulada de "Salão de Outono", em Paris. Com este movimento, é permitido que o ser humano vá até ao seu estado primitivista, levando-o de novo ao seu estado natural, selvagem e muito puritano. É considerado um movimento tipicamente francês. Na época em que este movimento surgiu, pairava no ar uma certa expectativa quanto ao futuro. O ambiente urbano e as inovações (tecnológicas, filosóficas, científicas, sociais entre outras) que foram trazidas à tona da sociedade, muito por causa do surgimento do capitalismo e pela Segunda Revolução Industrial, causaram um grande espanto (positivamente falando) naquele tempo (CHIPP. 1999, p. 131, cit. por Nogueira, (2013)). Fischer (1987, p. 17)., citado por Nogueira (2013, p. 2718), considera que “(...) toda arte é condicionada pelo seu tempo e representa a humanidade em consonância com as ideias e aspirações, as necessidades e as esperanças de uma situação histórica particular”. Naquela época, houve uma certa rutura das práticas coletivas e estas começaram a ser substituídas por outras práticas mais modernas e de acordo com o avanço daquele período, tendo o fauvismo servido para representar essa sociedade que ia mudando com as inovações (Nogueira, 2013). Referências bibliográficas: - JANSON, H.W.& JANSON, A. F., (2017), Iniciação à História da Arte. São Paulo, Martins Fontes. Pp. 357 – 360 site ( https://www.colegiodearquitetos.com.br/wp-content/uploads/2017/03/Fauvismo.pdf) - Nogueira, R. M. O., (2013), Uma explosão de cores no início do século XX: o Fauvismo, IV Encontro Nacional de Estudos da Imagem I Encontro Internacional de Estudos da Imagem, link do site: http://www.uel.br/eventos/eneimagem/2013/anais2013/trabalhos/pdf/Rejane%20Martins%20de%20Oliveira%20Nogueira.pdf - Prof. Moisaniel (2018), FAUVISMO, link do site: http://files.artmoisa3.webnode.com/200001582-e7526e84c4/FAUVISMO.pdf https://artesecontextos.pt/2019/04/henri-matisse-the-beast-on-the-loose/ https://www.historiadasartes.com/sala-dos-professores/o-circo-maurice-de-vlaminck/
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O que é o romantismo? Como se expressa a corrente romântica na literatura universal? Quando falamos em literatura romântica, temos por hábito de senso comum (de forma consciente ou inconsciente) associar imediatamente a um poeta que escreve sobre assuntos lamechas enquanto se embebeda com uma garrafa de absinto e chora por ter sido traído e abandonado por sua esposa. Por muito que possa soar lógico na mente de um simples leitor ou estudante de literatura, essa ideia perpetua-se de tal maneira que, consequentemente, essa imagem se estende a autores ligados a outras estéticas literárias ou até outras artes, imagem essa que, enquanto estudante de literatura, pretendo descompor neste artigo. Como e em que contexto surge o romantismo? Entre o final do século XVIII e o início do século XIX, a Europa servia de palco para as lutas liberais contra o Antigo Regime e suas convenções e de guerras intermináveis em nome do poder do povo sobre a opressão. Entretanto, em países como a Inglaterra, França e Alemanha (e, mais tarde, em Portugal e na Espanha), surge um movimento artístico chamado de "Romantismo", movimento esse que surge como resposta ao estilo barroco, um estilo bastante desgastado e desacreditado perante as audiências, sobretudo na área literária. Os artistas ligados a esta corrente (designados de românticos) expressavam um conjunto de ideias e características nos retratos que faziam nas suas obras que se tornaram próprios deste género. A primeira (e principal) característica é o facto de surgir como um movimento de transgressão de todas as estéticas anteriores, em que o escritor, perante um mundo degradante, tenta evadir da realidade e de todas as prisões que servem de entrave à sua arte e à sua felicidade, muitas vezes recorrendo ao alcoolismo (imagem de marca do romantismo que atingiu o caráter universal na Literatura e nas artes) como ajuda à sua fuga. Outra característica é a alusão textual à temática das memórias da infância e à inocência perdida. William Wordsworth, um dos expoentes do romantismo inglês, desenvolve nas suas obras sobre a relação entre a criança e a natureza na infância e a forma como a criança perde a habilidade de apreciar o belo e o divino na natureza à medida que vai crescendo e perdendo toda aquela inocência. No que toca à natureza, esta também constitui uma temática do romantismo, sobretudo no romantismo inglês, manifestando-se em obras como “A Balada do Velho Marinheiro” (de Samuel Taylor Coleridge), em que o sujeito, incorporado no corpo de um velho marinheiro, conta a história de um naufrágio da sua embarcação e da morte da sua tripulação, mostrando, através da distinção entre um mundo físico e um mundo espiritual, a forma como a natureza interage com o homem e a capacidade que a mesma tem de se tornar cruel para com o homem quando este a atinge e fere. Ao longo deste período, o romantismo desenvolve também a adoração por figuras rebeldes e transgressoras das mitologias ocidentais, tais como Satanás, Prometeu e outras, transformando-se essa adoração no uso das mesmas em cânones literários da literatura romântica e criando até protagonistas com personalidades inspiradas na rebeldia dessas mesmas figuras. Em “Don Juan Tenorio”, a partir do mito original criado por Tirso de Molina em “O Burlador de Sevilha”, Zorrilla apresenta um Don Juan também carismático, sedutor e mentiroso, tal como Satanás, que engana as mulheres “pícaras” com promessas falsas de casamento e ascensão social em prol do seu próprio prazer sexual, abandonando-as na ruína sempre que se aborrece e não precisa mais delas. Porém, na conceção de Zorrilla, o protagonista, por amor, acaba por se redimir dos pecados perante a morte, entrando aqui o amor, tema crucial no esquema da literatura romântica. O conceito de Don Juan também se manifesta na música, sobretudo na ópera Don Giovanni, de Mozart, cujo protagonista (Don Giovanni) age da mesma forma como descrito no mito original. Semelhante a Don Juan é a obra vitoriana “Tess of d’Ubervilles”, de Thomas Hardy, onde Tess, a protagonista, é enganada por seu marido Alec, um sedutor e mentiroso compulsivo (tal como Don Juan) que torna a vida de Tess num inferno devido ao seus vícios e dívidas. Nesta obra, Alec pode ser comparado a Satanás, não enquanto figura bíblica, mas sim como símbolo de uma força da natureza capaz de desviar uma pessoa do caminho da virtude e fazê-lo entrar num caminho errático de perdição. Como disse acima, o amor torna-se crucial nas obras românticas, apresentando sempre um protagonista confrontado com um amor impossível, levando a comportamentos erráticos e a tentar transgredir as normas impostas, sendo que, no fim, o destino, sob a forma de “nemesis”, pune tragicamente o protagonista com a morte. Por exemplo, temos a obra de Lord Byron que apresenta o conceito de “herói byrónico” (em inglês ”byronic hero”), um protagonista que possui grandes dotes e capacidades e objetivos nobres, mas que é perseguido por um pecado secreto cometido no passado (“a secret past sin”), geralmente relacionado com incesto, que o destrói gradativamente e o leva à loucura e à morte (por influência da némesis). A morte, fortemente associada ao obscuro, é também um tema usado nos enredos e visto como um fenómeno da natureza. Nos enredos, juntamente com a morte, haviam sempre cenários tristes como florestas, bosques, ruínas (associada à mitologia) e, sobretudo, cemitérios, lugar onde acontecia sempre fenómenos mágicos e macabros. Este cenário está muito presente no imaginário gótico, conhecido como “romantismo sombrio”. Em “Don Juan Tenorio”, o protagonista é atraído pelo espírito da sua amada para um cemitério, onde se arrepende do mal que comete, garantindo a sua salvação e acabando por morrer naquele mesmo local. O Romantismo, perante as agitações liberais na Europa naquela época, também assume um cunho político bastante forte. Autores como Byron, Stendhal e Victor Hugo retratavam nas suas obras as agitações e alguns lutaram em guerras e golpes liberais pela independência de nações que se encontravam sob o jugo opressor. Por exemplo, Byron lutou em várias guerras, como a guerra contra o Império Otomano (atual Turquia) pela independência da Grécia, tendo morrido em combate no célebre Cerco de Missolonghi. Pintores como Delacroix criaram quadros que retratavam esta época de sobressalto político, assim como em outras áreas artísticas também existem obras desta época. Devido ao seu cunho político, muitos artistas românticos foram perseguidos, presos e exilados durante as lutas liberais contra os regimes autocratas. Em termos estilísticos,os autores recorrem à poesia (nomeadamente poesia narrativa) e ao romance, empregando um estilo declamatório e recorrendo a uma linguagem retórica com grande abundância de recursos estilísticos. Concluindo, o estilo romântico é um estilo frutífero com muitas características que, através de um padrão, pode desenvolver suas manifestações de várias formas possíveis. Também é uma corrente que se eternizou na história da arte e da literatura, sendo que seus autores se tornaram cânones que ainda hoje estão vívidos na cultura literária atual. Contudo, deixaram marcas que generalizaram a forma como se olha para o artista,sobretudo o poeta, sendo essas visões incorretas e cabe ao leitor pesquisar e entrar mais a fundo na literatura para ficar a saber melhor desta arte, mas creio que este assunto será para um próximo artigo. O “Expressionismo” começou a ser usado em 1911 no meio artístico francês, passando, mais tarde, a ser usado pelos pintores alemães. O principal objetivo deste movimento era criar uma espécie de nova realidade que dá mais enfâse ao irracional e ao instinto humano. Esta corrente surge no século XX como uma nova forma de fazer arte, abrangendo a pintura, o cinema, a literatura, o teatro, entre outras vertentes. Com a transformação tecnológica daquela época, principalmente a transformação industrial, surgiu uma maneira diferente de se estar na vida e, por conseguinte, o modo como se fazia a cultura também mudou. Com o advento da Primeira Guerra Mundial e a destruição completa da Europa (bem como o estado de sofrimento passado durante e do pós-guerra), os pintores daquela época aplicaram os sentidos e as sensações e criaram as suas obras-primas. Os principais pintores daquela época foram Vincent van Gogh, Edvard Munch, Vassili Kandinsky, Otto Dix, Paul Klee e Emil Nolde. Entre outros nomes menos sonantes, temos Ernst Barlach, Amadeo Modigliani, Oswaldo Goeldi, Die Bruke, Anita Malffaldi, Oskar Kokoschka, Franz Marc, Schmidt-Rottluff, etc. Um dos objetivos do Expressionismo era, segundo Barros (in "De Firedich a Nosferato; Aspetos Românticos na Arte Moderna Alemã" (2009)), "modernizar a cultura alemã, realizando uma grande transformação nas tradições sociais, bem como das suas visões". Esta corrente tem várias vertentes que vão desde o francês ao alemão, passando também pela vertente norueguesa (através de Edvard Munch). Um dos principais objetivos é criar um movimento contrário ao impressionismo. Ambos os movimentos apresentam características idênticas, como por exemplo, o facto de, para Pessanha (s.d), "serem movimentos de índole realista, mas um deles dedica-se mais na vertente do conhecimento enquanto outro apresenta-se mais como uma vertente de ação". O expressionismo também chegou ao cinema, uma arte que, naquela altura, estava ainda em desenvolvimento. Os cineastas daquela época utilizaram as pinturas dos seus conterrâneos para realizar os seus trabalhos ( Murari & Pinheiro, 2012). No cinema, bem como na pintura, transformaram o sofrimento e a crise social vivida na época em variadas animações, explorando um cenário idêntico à realidade vivida na época. O Expressionismo Alemão, para Murari & Pinheiro (2012), é considerado uma vanguarda artística provocando uma mudança estética da arte. Murari & Pinheiro (2012, p. 135) consideram que “… o expressionismo trabalha fenômenos interiores através de representações exteriores”. Duas das vertentes deste movimento artístico no cinema são: o macabro e o insólito, desenvolvendo de certa forma uma estética paradoxal. Antes deste movimento, o cinema alemão era mais focado no absurdo e em algo mais irreal, transformando-se por completo com a vinda do Expressionismo, isto é, passa a possuir mais subjetivismo criado com base nas crises sociais existentes ( Murari & Pinheiro, 2012). Os filmes alemães passaram a possuir uma carga mais simbólica com algo possível de ser interpretado e com uma determinada lógica de ideias. Com o desenvolvimento do Expressionismo Alemão, este conseguiu influenciar a arte norte-americana, levando o Expressionismo para os EUA. Para Murari & Pinheiro (2012, p. 138), “Esta ascendência é tanto narrativa como estilística. O Expressionismo se pautou no horror como base de seus enredos”. Grandes exemplos deste movimento artístico é a personagem Frankstein, baseado nos livros “Frankstein” (1931) e “A Noiva de Frankenstein” (1935), de autora inglesa Mary Shelley. Para além da pintura e do cinema, o Expressionismo chegou também ao teatro. Podemos considerar como primeira produção teatral a peça “Assassino, Esperança de Mulheres”, lançado por Oskar Kokoska (pintor e escritor), sendo representado em Viena no ano de 1909 (Vasques, 2007). De acordo com Jost Hermand (cit por Vasques, 2007), o Expressionismo morreu entre 1920 e 1921. Algumas obras ficaram na retina deste movimento, tais como as obras de Goethe, Schiller e Novalis; as obras de Lenz e de Büchner; a peça “Caminho de Damasco e Sonho” (de Strindberg), entre outros (Vasques, 2007). Vasques (2007) considerava o teatro expressionista como sendo “… uma atitude moral, uma concepção do mundo e uma atitude intelectual implicando uma teoria do conhecimento, uma metafísica e uma ética”. Havia um certo sentido de rutura com as tradições sociais daquela época, mesmo acontecendo fora da arte, sendo exemplo o desmembramento do Império Austro-húngaro e a Revolução de Outubro na Rússia. É nesta estirpe que o inconsciente se sobressai, criando uma antítese àquilo que a História traz: a identidade (Vasques, 2007). Para além da transformação de Van Gogh na pintura, Adolphe Appia, Edward Gordon Craig e Max Reinhardt transformam o teatro, trazendo o Expressionismo para esta forma de arte que é o teatro. Ou seja, trouxeram a subjetividade e o abstrato que havia na pintura para a dramaturgia. Referências bibliográficas: - Barros, A. R.,( 2009) , De Firedich a Nosferato; Aspetos Românticos na Arte Moderna Alemã, PUC- Rio Certificação Digital Nº 071057 8 /CA, Dissertação de Mestrado link do documento: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/15486/15486_5.PDF - Murari, L. C. & Pinheiro, F. P. F., (2012); O Expressionismo alemão e suas múltiplas deviações americanas, Faculdade de Artes do Paraná – FAP, link do documento: file:///C:/Users/comercial/Downloads/72-91-1-PB.pdf - Site Mundo educação: https://mundoeducacao.uol.com.br/literatura/expressionismo.htm - Vasques, E., (2007), Expressionismo e teatro, Escola Superior de Teatro e Cinema, link do documento: https://repositorio.ipl.pt/bitstream/10400.21/412/1/expressionismo_teatro.pdf |
AutorEscreva algo sobre si mesmo. Não precisa ser extravagante, apenas uma visão geral. Histórico
Março 2022
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